Na noite escura do céu, quando uma estrela explode é difícil não perceber o clarão lá no alto: as cores e formas se engolindo numa dança cósmica inebriante, como se fizessem rodopios ao som de caixa e tambor e ao toque de mãos divinas. Algo como uma pequena escola de samba suspensa no infinito.
O que foi primeiro um pequeno brilho no céu, bem pequeno, foi crescendo aos poucos. Alguns dias depois da explosão, era como se uma luz tomasse conta da noite e não houvesse mais outras estrelas para se enxergar naquele momento. Era tão claro, como se aquela luz deixasse enxergar até mesmo o ar.
Eu vi essa estrela explodir. Vi
seus pedacinhos chegando até mim, me atravessando, me transformando, combinando
e reorganizando em uma nova composição. A princípio eu neguei que aquela luz
daquela estrela lá longe pudesse me mudar. Quem é ela? Quem ela acha que é? Eu
não pedi nenhuma combinação nova em mim. Mas, sob aquela luz que iluminava o
céu da noite, eu dancei. Dancei ao ritmo do samba que ela me deixava ver e
ouvir, rodopiando, atravessando em si mesma e em mim também, me enchendo de
vida mesmo sendo ela só um feixe de luz vagando apática à minha existência.
Depois que ela entrou em mim, seu brilho já era eu.
E aí meu coração explodiu também. Nas noites que insistiam em escurecer, tudo era luz, tudo era cósmico; a existência era uma sinfonia gostosa de se ouvir. Não sei se quando meu coração explodiu ele deixou de existir, talvez por um breve momento ele seja mais que um coração e menos que uma estrela, mas eu sei que ele também existe hoje em outros corações. E depois disso, ninguém mais vagou com apatia, pois o universo estava rico em beleza, em toque, em cura.
O que explodiu lá longe agora brilha em todo
lugar, inclusive aqui perto.
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