quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Provações nossas de todo dia.

Todo dia tem uma prova; tem pelo menos uma prova todo dia. É com base nessa premissa que eu busco a coragem de enfrentar as coisas que surgem no dia. Todo dia. Se olhar bem, com um pouquinho de perspectiva, nossas provas são cada dia mais fáceis, pois antes era necessário uma dose extrema de sorte aliada à capacidade de enfrentar feras, noites escuras e o pior: uma vida sem pipoca de microondas e lasanha de espinafre ao molho pesto. E olhe que daqui a alguns anos alguém vai olhar para trás e dizer: - mas esses humanos eram muito loucos, pautavam suas vidas em um pedaço de papel e por ele matavam outros e se matavam no fim.

Bom, pelo menos é o que eu espero que seja, considerando que todo dia tem uma prova. É a visão otimista de que só o mais adequado ao exame consegue passar por ele, e nesse caso, eu enxergo a misoginia, a homofobia, o machismo, todos os tipos de crueldade animal e humana, a avareza, a ganância, o racismo e todos os ismos que nos separam, como elementos de nossa fraqueza e que estão fadados ao fracasso. Não desejo isso para a próxima geração, mas para o próximo amanhã.

E aí quando a gente se vê que conseguiu superar um desafio na vida, mesmo um desses mais fáceis, é bom demais. Superou um emprego ruim, uma relação ruim, uma vida enfadonha, um sentimento ruim de inveja. Foi mais forte que uma mágoa, foi capaz de abraçar o espinho que te feriu, é melhor ainda. Então, antes de achar que não tem nada para fazer hoje, pense na quantidade de pequenas provas que a gente tem. Ninguém precisa mais enfrentar feras e noites escuras, mas ainda temos nossas bestas e nossas trevas para afugentar e domar. Afinal, todo dia é uma prova; é pelo menos uma prova o viver de cada dia.