domingo, 12 de maio de 2013

Poeira Estelar



Poeira estelar. E não é que ele tinha razão? Somos mesmo poeira estelar, em física e em metafísica. Perdão pela assertividade com que digo, mas eu sempre soube ser e quis ser poeira. Ser pó, ser sujeira do balcão que fica grudada na pele do último bêbado abandonado; pó molhado de suor, água, álcool...

Gosto de ser pó da maquiagem que fica na manhã seguinte, na minha barba, na minha boca e no meu pensamento, igualmente sujo, como tudo o é. Sujo como o prazer, que é egoísta e invejoso, que exige mais e mais de si, ou não se lembra de como tudo tremia ao mínimo toque, ao pensamento ou lembrança? Tudo era memória ou até mesmo fantasia, ideia, imaginação de um momento que pode ou não ter existido. Prazer é egoísmo que define e definha.

Gosto de ser poeira do meu quarto, pois, dentro dele, ela e eu clamamos pelo caos, escalamos as paredes, trememos na utopia, vivemos em Nirvana e cedemos juntos na lentidão agoniada e grunge das horas, cadentes por excelência e desarmoniosas por opção.

Gosto de ser pó na insanidade da agitação, de ser impulso frenético que pulsa pulsa PULSA!

Sou partícula, enfim. Elemento e parte, produto das estrelas, sou tudo e sou nada. O que é lá de cima, do inalcançável e do transcendental é também daqui de baixo, terreno e mundano, perverso.

Por isso, na minha humilde opinião de poeira estelar, não existem distâncias tampouco instâncias para se viver em excesso ou em déficit. Nós simplesmente somos um, bem verbo intransitivo assim. Bem intransigente assim.

(Ah, Freud, essa não é uma sessão de psicanálise).

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