segunda-feira, 28 de junho de 2010

Amor e(m) Guerra

Amo você não é de hoje. Não é de ontem, nem de anteontem.

Tenho a sensação de que esse amor já vinha sendo criado desde o começo dos tempos, e vinha flutuando no espaço, no mar, se arrastando no vento. Vinha sendo saboreado pelos outros quando o cheiro da chuva invadia a rua deserta e a terra seca do sertão. Ele já foi provado pelo degustador de vinhos mais exigente, que no seu momento de êxtase invocava o divino para proclamar a criação de Baco. Já foi sentido pelo mais fiel dos crentes e pelo mais infiel dos ateus.

Esse amor veio de trem junto com o poeta mais romântico. Ele foi com certeza a inspiração de Baudelaire. Ele estava nos dedos de Beethoven e na voz de John Lennon. Ele estava lá, não duvide.

Ele já provocou guerras, ele já separou nações. Ele costumava fazer loucuras nas mãos de sãos e de deixar mais insanos ainda os doentes mentais, tudo para provar que seus caprichos e vontades eram ilimitados. Ah, seus devaneios. Eu sei que ele gosta de sangrar, de fazer sentir volúpia , de derramar-se e transformar-se em carne trêmula. Eu sei que ele cheira a suor, e que tem gosto de sal, mas que pode ser mais amargo que terra, que pólvora. Sei que sua lâmina afiada perfura qualquer corpo, esteja vivo ou esteja morto.

Esse mesmo amor aguerrido, lutador, pioneiro. Ele mesmo. Ele que é ente, que está a mercê de nossa própria ignorância, ele que me fez te amar. Ele que é arriscado. Que está riscado no papel parede da minha casa.

Ele é você, que me deixa te amar, em meio a esse encontro inusitado de almas, bem no estilo rosa e cravo. Garanto que vou mirar e atirar com todo o prazer. Seja paz ou na guerra, não esqueça do perigo que ele traz, e no estrago que ele faz.


Isaac N

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